“O tempo, esse devorador de
coisas”, essa é a famosa concepção de tempo do poeta clássico Ovídio. O tempo
devora a matéria, as ideias, os ideais, a idade e a vida.
O tempo devora a matéria. Com o
tempo, toda e qualquer coisa material acaba sendo destruída. São muitas as
circunstâncias geradas ao longo do tempo que fazem com que as coisas materiais
se destruam.
O tempo devora as ideias, mas
origina outras novas. O que se acreditou certo dia, no outro não se acredita
mais.
Junto com as ideias, o tempo
devora os ideais. As normas, os modelos a serem seguidos, as doutrinas, as
regras. Tudo muda com o tempo.
O tempo devora a idade, ao mesmo
tempo que cria a concepção de idade. Lembrando que o tempo é uma concepção
criada pelo ser humano e a idade é consequência disso.
Por fim, o tempo devora a vida.
Ele aumenta a idade, muda as condições ambientais e sociais, faz de tudo para
acabar com a vida. O tempo já destruiu e continuará destruindo muitas espécies
e indivíduos.
Apesar disso tudo, o tempo é um
tempo criado pelos humanos para poder servi-los. Não existe essa história de o
tempo estar ou não ao lado das pessoas. Ele apenas está
ali. O jeito é aceitarmos e nos adaptamos a ele.
O tempo leva as coisas, mas traz
outras. Ele leva ideias e ideais, mas logo traz outros. Leva idade e pessoas e
traz outras. Leva a vida pra trazer outras. Constrói lembranças, sentimentos e
sensações que se manterão através do próprio tempo.
O tempo devora as coisas para
poder trazer equilíbrio. Ele, na verdade, faz a mudança e o processo de
substituição. “Nada se cria ou se perde, tudo se transforma”.
O tempo é um devorador de coisas.
Mas, sem ele, todos estaríamos sem tempo para nada, todos estaríamos perdidos
no tempo.
*ALICE MARTINS, 18, caloura de Jornalismo, apocalíptica e premiada. Escreve para os blogs Fragmentos e Os Apocalípticos.
Que texto bonito, especialmente o último parágrafo. Parabéns, Alice.
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